Parte XXXVI - 14 de fevereiro de 2030 - 6h30min

FRONTEIRA ENTRE A ROMÊNIA E HUNGRIA

EM MEIO À MATA (AO SUL)

- Não precisamos de uma guerra, Axel – diz Jackson.

- Ora, então vamos todos abaixar a cabeça e seguir ordens de alguém que não conhecemos – afirma Axel.

- Você fala que ele é tirano, mas esquece de que queimou uma vila inteira por que não gostava da decoração das casas – diz Jackson.

- Eu fiz um favor, eu queimei aquela vila imunda, sim, eu matei pessoas, sim...

- Torturou pessoas...

- Exatamente, eu é que governava e incitava o medo nas pessoas e agora estou sendo desafiado por um roqueiro ancião, um ninguém, um “zero a esquerda” que acha que com todo seu ar superior pode mandar e desmandar como quiser; que escraviza o povo, eu já escravizei alguém, eu já te acorrentei, Jackson? Não, mas você já. Prendeu-me por séculos como animal. Não venha ser a imagem de líder piedoso que você já fez coisas piores do que eu.

Marcel e Ian curam os rapazes feridos e se levantam, Ian olha as pessoas ao redor, enxerga uma criança sozinha, enxugando as lágrimas, ele arranca uma flor branca do chão e se aproxima dela para entregar, ela se afasta, mas retorna quando percebe que não irá lhe acontecer nada de mal, pega a flor e olha para o chão onde está um rapaz.

- Vai até ele, pode ir – diz Ian. A menina corre e abraça o rapaz, completamente recuperado, ele a pega no colo e passa por Ian, a menina põe a mão no ombro de Ian e agradece por ter curado seu irmão.

- Não somos monstros, não queremos guerra, queremos justiça – diz Ian, olhando para todos ao redor – Por séculos vocês vivem escondidos, como nômades, sem uma casa decente para abrigar seus filhos, sem uma roupa decente para vestir, sem comida, quantos aqui deixaram de comer para alimentar seus filhos? Querem continuar assim? Vivendo as sombras da liderança de alguém que pune a todos pela vergonha que ele sente de seus atos passados, vocês precisam lutar! Olhem essas crianças? Qual o futuro que elas merecem? Eu fui considerado por muitos anos o filho do Diabo – todos o reconhecem e se espantam com sua presença – É! Eu empalei 20 mil pessoas ao longo de guerras e batalhas, mas sabem por que fiz isso? Porque entre a liberdade do meu povo e a conformidade em servir e ser escravo, eu prefiro morrer livre e se precisar, eu mesmo atravesso uma estaca em Teodor e o deixo exposto pra todo mundo o que acontece com quem desafia matar a mim e a minha família.

- Heróis são monstros que lutam pelo lado em que acreditam, por um lado que se preocupa com os outros e não apenas com si próprio. Um demônio desafia tirar isso de nós: a capacidade de escolher, a liberdade de ir e vir e ser quem quisermos. O que você prefere: lutar pelo que acredita ou se entregar por preguiça de defesa? – diz Marcel.

- Eu não busco rendição, nem pretendo tomar o lugar dele como líder, não sou tirano, Jackson, por favor, posso ser impulsivo, mas não sou igual à Teodor, não me iguale a ele. Teodor quer tirar a normalidade das nossas vidas e nos impedir de crescer. Você vai mesmo deixar? – pergunta Axel. Jackson olha ao redor e percebe que todos esperam um posicionamento seu.

- Eu não vou entregar minha família. VAMOS LUTAR! – ele grita. As pessoas comemoram e gritam, ovacionando o discurso.

EM MEIO Á MATA (A LESTE)

- Teodor nos atacou, isso vai ter volta. Não queríamos escolher um lado quando ele nos procurou, agora queremos, sorte de você que queremos ele morto – diz Nádia, abrindo o tablet e mostrando as ultimas notícias. Erick e Sam olham imagens de pessoas fazendo vila na porta da casa branca, se espremendo nas grades, implorando para serem transformadas.

- Ele se instalou na casa branca? E o presidente? – pergunta Samuel.

- Ele arrancou a cabeça dele em rede nacional – Nádia minimiza a tela e mostra o vídeo da morte do presidente dos EUA – Teodor se intitulou presidente depois disso, ninguém quis intervir, ele pretende demolir a casa branca e construir uma fortaleza, com muros altos de concreto – ela retorna a tela inicial – As pessoas estão ficando loucas, muitos batem na porta da casa branca pedindo para serem transformados e ele transforma, não como strigoi, aquele rei francês do vídeo é que transforma os humanos, ele se uniu a Teodor.

- Precisamos entrar em contato com a igreja.... – diz Erick.

- Tarde demais! – fala outra moça – Lembra do rei francês? Ele acabou de matar o novo papa – ela fala, virando a tela do computador, mostrando as imagens ao vivo do vampiro com o coração do papa na mão e ele caindo desfalecido nas escadarias da igreja de São Pedro, no Vaticano, os fiéis entram em desespero. Ele toca no microfone para testar o áudio e chamar a atenção das pessoas: “- Os próximos que se interverem entre os planos de Teodor terá o mesmo fim, chega de democracia, agora é apenas um que governa: os vampiros”. – Ele diz.

- Ele está transformando os humanos que querem ser vampiros, escravizando os outros que são contra – diz Nádia.

Os vídeos que ela mostra passa os estoques de banco de sangue abarrotados, as pessoas desmaiam na mesa de doação, elas saem dos hospitais quase mortas, em outro vídeo, os pais estão acompanhando as filhas em um hospital de fertilização, vampiros estão transformados ao redor do hospital cercando a área, mulheres e adolescentes solteiras estão sendo obrigadas a realizaram inseminação artificial para engravidarem, os estoques de anticoncepcionais, camisinhas e outros métodos contraceptivos também estão sendo queimados em praça pública, os idosos estão sendo jogados nas selas das cadeias e os criminosos, soltos, sendo transformados em vampiros e saindo as ruas para obrigarem as pessoas a se submeterem ao novo regime, quem luta, é morto sem piedade, a polícia não tem voz, o departamento está fechado e todos seguem as ordens de Teodor, policiais e detetives são monitorados 24 horas por dia. Comentaristas e repórteres que vão contra as ideias são mortos e suas cabeças expostas no jardim da casa branca, colocadas em estacas com placas dos respectivos nomes de cada cadáver, seus familiares são mantidos vivos para observarem a cena, as emissoras de TV estão quase fechando, os formadores de opinião estão tentando convencer a população a não lutar, não existe mais asilo em outro país, a população mundial se vê submissa aos desejos de Teodor.

EM MEIO Á MATA (AO NORTE)

- Quando Ayla morreu, Teodor se enfureceu por não conseguir encontrar seu filho e transformou todo o vilarejo dele, exceto minha mãe, ela morreu na minha frente – conta Eishan – minha avó me pegou no colo e fugiu comigo, eu cresci, tive filhos, porém meu desejo de vingança era maior, depois que meus filhos estavam todos crescidos, eu parti para me vingar. Teodor, ao invés de me matar, me transformou, observei meus filhos crescerem e morrerem, fui condenado a nunca mais chegar perto deles, estou aqui desde então, ocupando o lugar que foi de meu avô.

Anastácia começa a encontrar semelhanças físicas entre Eishan e Teodor e deduz o final da história.

- Você é filho de Baltazar –ela afirma. Kaira olha ao redor.

- Então todos vocês são da aldeia do Teodor? Ele transformou um vilarejo inteiro por vingança! – diz Kaira – Tá parecendo meu irmão, só que ele compilou todos os humanos a atearem fogo nas casas.

- Exceto as crianças, ele matou todas, eu vi meu filho morrer na minha frente... – diz uma mulher.

- Ele sugou o sangue até dos bebês – fala outra. Kaira começa a ter ânsia de vômito: - Esquece! Não é nada parecido com o Axel – ela fala. Enzo começa a pensar na cena e seus olhos enchem de lágrimas ao imaginar a morte dos bebês e sofrimento das mães.

- Se vocês se tornarem humanos, todos os séculos voltarão de uma vez e vocês morreram em questão de segundos, talvez dias – fala Ana.

- Queremos morrer, vivemos demais – fala Eishan – nunca foi de nossa vontade nos tornamos strigois como você, queremos conhecer o paraíso.

- O quê?! Ah, tá! A vida após a morte – fala Ana – Tudo bem, vocês querem morrer? Eu respeito isso, até mato vocês um por um se quiserem, não vejo problema nisso, só que antes de cometerem suicídio, eu peço que lutem mais uma vez, mas pela causa certa, lutem do meu lado.

- E por que o seu lado é o lado certo? – pergunta Eishan.

- Simples! Eu quero Teodor morto, como vocês. Vamos fazer uma troca, tá bom? Eu sou uma bruxa, vocês me ajudam a matar Teodor e depois disso eu dou a liberdade de vocês, no caso, a morte, sem dor.

- E você acha que sou tolo? Se morrermos como vampiros, iremos parar no inferno criado por Ayla, queremos a rendição de Deus – diz Eishan – Por que não te matar aqui agora e conseguir minha vida humana de novo?

- Por que isso não é possível! Por favor! Vai acreditar mesmo no titio do mal? Não existe maneira da minha morte transformar vocês em humanos, afinal cinco minutos depois da minha transformação, meu marido arrancou o coração dele, depois quando ele voltou pelas mãos da Minerva, não ficou vivo nem por dois dias. Não seja tolo?Querem dar uma de bonzinhos agora?Quem foram os lobos que arrasaram com a vila onde morava na Inglaterra há 500 anos? Aposto que existiam muito mais de vocês – finaliza Ana, lembrando do incidente que a fez descobrir toda a verdade sobre sua origem, Eishan fecha o rosto, assumindo a culpa.

- Eu sou filha de uma bruxa, meu irmão foi procurar nosso clã, elas são muito poderosas, vamos encontrar uma maneira de vocês morrerem como vampiros e irem para o paraíso – diz Kaira no impulso.

- E em troca vocês querem que nós lutemos a seu favor. Não somos soldados, somos vítimas – diz Eishan.

- Vítimas porque vocês querem ser. Olha pra dentro de si –Ana toca em seu coração – sinta todo o poder que você tem, Eishan, é filho de Baltazar, ele se sacrificou pra salvar minha vida e conseguiu a salvação, hoje ele retorna em uma nova vida e está do meu lado, lutando comigo. O que você quer para si e seu povo? Apenas morrer ou morrer lutando para fazer justiça com o que lhe causaram? Usem esses poderes, a imortalidade, por uma única vez de forma inteligente. Se merecerem viver em paz, terão uma nova chance – ela vira as costas e sai – Pensem nisso, vocês sabem onde me encontrar.

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