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Parte XXX - 11 de fevereiro de 2030 - 12h

  • Por Gabriela Carvalho
  • 25 de mar. de 2017
  • 8 min de leitura

anastacia

Todos caminham por uma longa estrada de asfalto construída em uma montanha, eles estão subindo um conjunto de montes, a mata verde está em todo lugar, pinheiros altos, terra marrom escura, úmida, o tempo parece chuvoso, porém o calor é imenso, a exaustão faz os humanos sentirem a fragilidade de seus corpos, Sam caminha de cabeça baixa com Ema em seus ombros, Clara está nos ombros de Marcel, Ana e Ian seguem a frente, Enzo do lado com Oliver bufando, Naty está com a boca seca, suando frio e muito cansada. Mesmo estando todos em um local arbóreo, lembrando o interior de algum estado, o sol lembra o deserto, todos param pra descansar, Ana olha pra cima e vê o céu limpo, azul sem nuvens, o amarelo do sol está quatro vezes maior do que ela se lembrava quando era criança. Kaira, Axel e Erick caminham com a postura reta, aos fundos, como se não sentissem dor.


- Há muito tempo não vejo o céu tão limpo – ela fala. Naty olha para cima e nada vê além das ondulações transparentes do mormaço que parece cercá-la, ela não agüenta e cai no chão inconsciente. Sam desce Ema para ampará-la. Enzo olha a cena e vai ajudar, Ian corta o pulso e dá um pouco de sangue para ela tomar.

- Eles não agüentam mais, nós não agüentamos mais, Ana de nada adianta caminharmos até sermos encontrados, precisamos de um plano.

-Deve ter uma casa por aqui – ela fala, voltando a andar. Sam e Axel pegam Naty, Ema caminha com Oliver e Clara com Ian.


Ana vira na curva a frente e sai da montanha, entrando em um caminho de terra, ela vira em mais uma curva e a sua esquerda existe uma porteira velha de madeira rústica, ela está quebrada na tábua ao meio que prende as demais, fazendo duas das estacas caírem no chão e ficarem penduradas apenas de um lado, árvores centenárias longas com as raízes aparentes estão servindo de portal para que ela se sustente, a cerca feita de arame está no chão. Sam está desesperado para encontrar comida e água, então corre para dentro do terreno à procura de ajuda, todos vão atrás.

A casa também é feita de madeira, duas janelas de vidro enfeitam a sacada, dando vista para a cozinha do imóvel, sua arquitetura lembra residências construídas na Alemanha, uma porta grande de correr, fecha o que aparenta ser uma garagem, Sam bate desesperado na porta da frente da casa, Ana vai em direção a garagem quando é surpreendida por um lobo, ele a morde, Ian corre para socorrê-la e mata o lobo, outros aparecem, um morde o braço de Naty que grita, os vampiros começam a atacar, Enzo puxa Ana para a varanda ao lado de Naty, Axel se transforma em hibrido e mata os lobos com as mãos, os demais fogem acoitados. Como Naty bebeu o sangue de Ian segundos antes, seu ferimento cicatriza, a preocupação é com Ana, mordidas de lobisomens são fatais para vampiros, porém a moça nada sente, pouco tempo depois da mordida de Natalia, sua ferida também se cura.


- Pensei que os vampiros mordidos por lobisomens entravam em surto até morrer – diz Kaira.

- Eu sou parte humana. Vamos! – ela se levanta e vai até a garagem, levanta a porta e encontra dois veículos cobertos por uma manta gelo, ela retira-as e mostra dois veículos prata.

- Não deveríamos ter sete dias? – pergunta Axel.

- Teodor pode ser cruel e ditador, mas sempre cumpre o que promete – diz Ian.

- Eles atacaram por mim. Eu sou o líder da alcatéia e os abandonei para me juntar a vocês, deveríamos ser inimigos de strigois, sua espécie utiliza o poder de controlar os seres noturnos para nos forçar a se transformar fora da Lua Cheia e cometer massacres – diz Enzo – eu os estou ajudando então...

- Ótimo! Estamos sendo caçados por vampiros, vampiros strigois, lobos, lobisomens, bruxos... Não consigo olhar uma coruja em cima da árvore a noite que já penso que pode ser aquele maluco do Teodor nos observando – diz Kaira sentando no chão e tirando as botas – posso ser vampira, mas, meus pés cansam quando ando demais.

- Quando nossa mãe nos transformou, não obtivemos tamanho poder, como isso é possível com vocês? – pergunta Erick.

- O feitiço original escrito por uma feiticeira dava o controle a todas as criaturas noturnas como forma de punição aqueles que a mataram, o povo de Teodor idolatrava a noite e a lua, eram descendentes de lobos – conta Marcel.

- Os lobisomens eram reféns da Lua Cheia e se transformavam todas essas noites, e durante os demais dias eram seres humanos normais, para acabar com essa submissão e poderem se transformar quando quisessem, o líder de um clã específico se aliou a uma feiticeira que pudesse tirar deles essa maldição, em troca ela poderia viver normalmente entre eles e assim foi feito, com o passar dos anos, a ambição do rei crescia, ele decidiu que uma vida apenas seria pouco para conquistar tudo o que pretendia, então foi novamente atrás da feiticeira, ela foi obrigada a criar para o rei um feitiço que pudesse lhe dar a imortalidade, ela incluiu que o rei teria controle a todas as criaturas noturnas, incluindo os lobisomens, que seriam reféns de sua vontade e só seriam livres desse controle nas noites de Lua Cheia, ao ter uma visão sobre os horrores que o homem seria capaz de fazer, decidiu não ajudá-lo e estabeleceu que o feitiço seria levado pelo vento ao mais longe possível do alcance desse rei e apenas seus descendentes de quatro linhagens pra frente poderia encontrá-lo e usá-lo em si mesmo. O líder se enfureceu e resolveu matá-la, envenenando-a, deixando-a agonizar durante três dias e três noites até morrer. Sua filha, por vingança, seduziu o rei e engravidou, dando a luz ao primeiro par de gêmeos da linhagem de Teodor, corrompendo todo o sangue do clã de lobos, com isso, as outras alcatéias decidiram expulsar todo o povo da terra que viviam e os baniram do convívio das demais – conta Enzo, deixando seus olhos ficarem azuis novamente – a alcatéia que baniu a linhagem de Teodor foi a minha, eles nunca mais se transformaram em lobisomens durante a lua cheia e com o tempo, o sangue licantropo foi saindo de suas veias, deixando apenas o sangue da bruxa, tentamos encontrar o feitiço e não conseguimos. Os banidos migraram para a Europa estabeleceram uma nova terra para governar, para não se afastarem da origem licantropa, eles passaram a idolatrar a lua e noite, na tentativa de sentirem suas raízes com a natureza voltarem – finaliza Enzo. Eles percebem que se esqueceram de Ana e vão atrás dela. Ela está dentro de um dos carros, mexendo no painel buscando ligá-los.


- Onde estão os moradores da casa? – pergunta Naty, olhando pela janela da casa. Ela começa sentir frio, olha no relógio: 12h35min - Não acham que o clima esfriou rápido demais pra tão pouco tempo? – ela pergunta, fumaça começa a sair da boca de todos.

- Está nevando? – diz Kaira, um floco de neve minúsculo cai em sua mão, logo, mais flocos começam a cair do céu, o que era azul ficou cinza.

- Vamos entrar – diz Ana – precisamos recarregar os carros para usá-los.


Ian arromba a porta da frente da casa e devagar coloca os pés dentro da casa, ele entra, todos entram em seguida. Sam fecha a porta da garagem e coloca as cápsulas dos carros no carregador e entra na casa. Na cozinha, Oliver abre os armários e encontra muita comida enlatada, dentro do prazo de validade, todos começam a percorrer os cômodos da casa em busca de residentes, Ana e Ian sobem as escadas, em um dos quartos eles encontram dois cadáveres, o cheiro é forte e ela tampa o nariz, Ian vai até os corpos e encontra uma arma e duas perfurações de tiros em um dos corpos na cabeça e no outro, a mandíbula está dilacerada, na mão esquerda de cada um está uma aliança de casamento.


- Ele matou a esposa e depois tirou a própria vida, isso deve ter sido ontem á noite. Vamos voltar pra sala – diz Ian, fechando a porta do quarto. Eles descem as escadas, Kaira encontra um jogo de tabuleiro antigo e ensina as crianças como se brinca, Marcel e Sam estão na cozinha, abrindo latas de comida e verificando se não estragaram. Axel mexe no interruptor e descobre que há energia na casa, Ana se aproxima dele.

- Há corpos no andar de cima, sugiro que não levem as crianças pra lá – ela fala baixo, os outros vampiros escutam.

- Vamos ficar todos juntos, tá bom? Peço que ninguém saia da sala e da cozinha – diz Ian.

- Tem um banheiro de serviço no fim do corredor – fala Erick voltando pra cozinha.

- Vamos descansar essa noite aqui, amanhã pegamos o carro e vamos embora – diz Kaira.

- Pra onde iremos? – pergunta Natália, todos ficam em silêncio.


Anoitece. Ema e Clara dormem abraçadas em Oliver, Sam e Naty dormem juntos ao lado de Ema, Axel, Erick e Kaira adormeceram no chão, ela está com a cabeça no colo de Marcel, encostado no sofá, na poltrona ao lado, Enzo dorme. Ana e Ian estão abraçados dormindo no sofá, os pratos de comida estão sujos dentro da pia, as luzes estão apagadas. De repente, Ana abre os olhos, ela escuta movimentos no andar de cima da casa e cutuca Ian, os dois levantam devagar, eles se transformam para enxergar na escuridão, Marcel percebe o movimento e levanta devagar, destravando com cuidado a arma que está segurando, Enzo acorda, Marcel entrega a arma para ele.


- Sabe atirar padre? – pergunta sussurrando. Com a cabeça, Enzo afirma saber.


Passos são escutados descendo as escadas, Ana se assusta quando o homem vira em direção a ela, um dos corpos vistos durante o dia está em pé na frente dela, com a mandíbula dilacerada, sendo reconstruída aos poucos. Oliver desperta e enxerga o vulto na sua frente, assustado ele liga a luz e desperta a todos, Naty vê o defunto em pé e grita, Clara e Ema se desesperam, ela e Sam pegam as meninas e se levantam rapidamente, correndo pra fora da casa, à mulher que estava com ele, surge atrás de Ian e o surpreende empurrando-o. Enzo atira, lobos começam a uivar próximo a casa.

Kaira entra em luta corporal com a mulher, Ana é atacada pelo homem e também passa a lutar com ele. Naty grita, um lobo negro com os olhos amarelos iguais aos de Teodor encurrala ela e Sam, Ian e Marcel vão ajudá-los. Enzo fica com a arma apontada sem saber em quem atirar, Ana e Kaira brigam com os novos vampiros e os movimentos prejudicam sua mira. Axel e Erick correm para a mata e começam a matar os lobos que se aproximam da casa.


- Padre atira! – grita Kaira.

- Não consigo, posso acertar uma de vocês.

- Somos vampiras, não morremos, atira logo! – grita Ana. Ele atira, a bala atravessa a cabeça do homem e perfura a testa de Ana, que cai desacordada, ele atira no ouvido da mulher e a mata. Os lobisomens vão embora, Enzo pega Ana no colo e a leva pra fora, Kaira arranca os corações do casal e os corpos ficam acinzentados, confirmando que foram transformados em vampiros.

- MEU DEUS! MEU DEUS! ERAM ZUMBIS! ZUMBIS – fala Oliver em estado de choque, Marcel tenta acalmá-lo, Naty e Sam amparam as crianças, Axel e Erick retornam com as mãos ensangüentadas, Erick tira um lenço de dentro do terno e limpa as mãos. Enzo coloca Ana no chão.

- Não eram zumbis, por favor! É a história mais ridícula que já ouvi. Eram vampiros, eles provavelmente beberam sangue de vampiro e depois se mataram – diz Kaira.


Ana acorda desesperada, rapidamente retira a bala de dentro de seu crânio e a ferida se fecha. Ian a acalma.


- O que aconteceu?

- Eram vampiros, Ana. Se mataram para se transformar – diz Ian.

- Que droga! – ela deita no chão para se recuperar do susto, depois alguns segundos, levanta do chão – chega, vamos embora daqui.


Ela abre a garagem, ela e Ian entram em um dos carros e Marcel em outro, Sam e Oliver pegam as cápsulas e colocam um em cada carro, outras duas vão com eles no colo. Enzo, Axel, Kaira e Clara vão com Marcel e Oliver, Naty, Sam e Ema vão com Ana e Ian, eles partem para longe daquele lugar.

 
 
 

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