Parte XIX - 7 de fevereiro de 2030 - 8h
- Por Gabriela Carvalho
- 7 de jan. de 2017
- 7 min de leitura

Axel e Kaira estão presos no porão da casa de Marcel, amarrados. Clara esta parada na frente de Axel, o olhando estática. Ian está na sala, Marcel na delegacia trabalhando, Anastácia está no jardim, sentada no meio de um pentagrama, com velas acessas, ela busca se comunicar com Mary.
- Anastácia! Anastácia – chama Mary – Não tem o que se preocupar, não pratiquei magia durante minha vida inteira, o poder que possuía quando estive no corpo de Ayla foi embora, não tenho capacidade de fazer nenhum feitiço – diz Mary. Anastácia continua sentada no centro do pentagrama, em um lugar diferente escuro e nebuloso, uma cópia do jardim de Marcel, porém com uma aparência de inverno. Miranda surge atrás de Mary.
- Mãe! – ela corre pra abraçar.
- Não minha filha! Não saia do círculo! – ela implora – me escute! Teodor está retornando!
- Mãe, não há uma maneira de impedir!
- Você terá que descobrir sozinha – diz Miranda, o céu começa a escurecer e relampear – Teodor está com os poderes fortalecidos, logo estarão completamente regenerados – atrás de Miranda, surge uma mulher loira, Ana a reconhece das visões, ela é a mãe de Kaira, Axel e Erick.
- Sabe por que transformei meus filhos em vampiros? Eu estava com medo de perdê-los, nossa casa estava sofrendo ataques constantes de bruxos e lobos, eles estavam sendo controlados por Teodor. Seus poderes são fortalecidos pelo medo e dor, quanto mais às pessoas se sentirem vulneráveis, melhor para ele, ao atacar os seres mais fracos, ele se sente poderoso, invencível, ele traz o medo e a guerra onde quer que vá. Teodor é o reflexo do demônio – fala a mulher, de repente, ela para, como se sua mente fosse transportada a outro lugar, bruxas poderosas, mesmo mortas, consegue ter premonições – Já começou! Uma guerra está a caminho, essa é a chave que Teodor precisa para sair de sua prisão. Corra Anastácia, o mau está ressurgindo.
- De que guerra estão falando? – pergunta Ana.
- Da aniquilação de todos os seres sobrenaturais – fala Miranda. Ana grita pela mãe, enquanto a imagem das mulheres somem, ela sente ser puxada de volta para o corpo e acorda no jardim, com sangue escorrendo de seu nariz, ela pressente algo com Paul e Marcel.

Na delegacia, Marcel trabalha no computador, Petter chega acompanhado de dois adolescentes bêbados acusados de arruaça e vandalismo, eles estão gargalhando e a todo momento tiram fotos com o celular. Na cela, Diogo está deitado na cama quando ouve vozes sussurrar em seu ouvido. Nesse momento, ele senta na cama e começa a sussurrar palavras em um idioma desconhecido, evocando um feitiço.
Marcel passa a sentir fortes lapsos de memória, sua visão fica turva, novamente a queimação em seu braço volta, a luz do sol torna-se insuportável, ele ouve ao longe a voz de Petter, porém não responde.
- MARCEL! – chama Petter – você está bem?
Marcel sente o corpo queimar, a luz do dia cega seus olhos, ele escorrega da cadeira e começa a pegar fogo no rosto, os policiais se assustam e buscam ajudá-lo. Essa situação chama a atenção dos arruaceiros que passam a gravar a cena e transmitir ao vivo nas redes sociais.
- O cara entrou em chamas do nada! – fala um na gravação – é um super herói, hahahahahahahahahaha – caem na gargalhada.
Como um foguete, Marcel sai do campo iluminado e se esconde num canto escuro da sala, seu corpo para de arder em chamas, os moleques se escondem, Petter, retornando com um extintor nas mãos, assusta-se ao ver o rosto do amigo desfigurado.
- DÁ ZOOM! DÁ ZOOM! – fala um dos jovens, o rapaz vai aumentado o alcance da lente até focalizar bem o rosto queimado de Marcel, aos poucos, todos na sala vão observando que as feridas passam a se curar sozinha e se espantam – QUE ISSO MANO! QUE LOUCURA É ESSA CARA! CÊ TAMBÉM TÁ VENDO?! – pergunta um colega para o outro, ambos escondidos atrás de uma mesa, gravando tudo. Ao terminar a cicatrização, Marcel se transforma em vampiro, assustando a todos. O rapaz que grava se assusta e abaixa a câmera.
Diogo sai da sela e caminha por entre a sala.
- Essa é a verdade, senhores! – ele diz, olhando para todos na sala – Monstros existem!
- CONTINUA GRAVANDO, VAI!
Diogo levanta as mãos e quebra todas as lâmpadas do prédio, as vidraças são estilhadas com o poder de sua mente, enquanto todos se abaixam para se proteger dos estilhaços, Diogo some. Marcel fica sentado no chão, se recuperando do ocorrido, ele coloca as pontas dos dedos na luz e eles não queimam. Os policiais, companheiros de Marcel, se aproximam dele em retaguarda, com as armas em punho; assustados.
- É melhor você ir pra casa! – diz Petter, ajudando ele a se levantar – eu te acompanho – ele abraça Marcel e faz sinal para os oficiais abaixarem as armas.
8h30min
Axel acorda, Kaira está do lado dele.
- Parabéns, irmão! Tudo que queria era um acordo amigável e você fez o favor de estragar tudo com essa sua psicopatia maluca de pensar que todos são inimigos e devem morrer – ela diz, enquanto se balança para tentar desamarrar as cordas. Os dois pulam e se balançam, as cordas estão bem apertadas e não afrouxam.
- Silêncio! Tem alguém aqui – fala Axel, procurando pelo porão, ele enxerga uma sombra pequena no canto, é Clara.
- Olá! Bela moça! Será que você pode nos ajudar a sair daqui! Estamos perdidos e viermos parar aqui! – diz Axel.
- Porque estão amarrados? – pergunta Clara.
- AH, Isso! Bom é porque somos também desastrados! Será que a mocinha pode nos tirar daqui, por favor!- repete Axel.
Clara se aproxima de Axel e coloca a mão direita no antebraço dele, com isso todas as suas memórias vão parar na mente inocente de Clara, esse processo é doloroso e Axel sente muita dor.
- Clara! – chama Sam, descendo as escadas – o Ian fez aquela panqueca que você adora, ele guardou um pedaço pra você, vai lá comer! – Clara sai correndo.
- Sua irmã? Tão pequena e já causa dor – diz Axel se recuperando.
- Ela perdeu a mãe, está sob os cuidados de Marcel desde então – responde Sam – Tenho ordens para desamarrar vocês, com uma condição!
- E qual é?
- Não somos seus inimigos, então não trate a gente como se fossemos!
- Perfeito, você não me mata, eu não te mato e fica por isso mesmo! – diz Axel em tom de ironia. Sam retira as cordas.
- Não tenta fugir.
Os três sobem as escadas e encontram Ana e Ian na cozinha, juntamente com as crianças.
- Sam, você pode levar as meninas lá pra cima, é que temos umas coisinhas pra conversar... –diz Ana. Samuel pega as meninas e as leva para brincar no quarto.
- Você é muito corajosa ao nos soltar depois de tudo – diz Axel mexendo nos pulsos, sentindo a amarração das cordas – Porque não me curei?
- Enquanto estiverem aqui dentro, seus poderes como vampiros estão limitados, não são humanos, mas é como se fossem. Me certifiquei depois do nosso encontro – diz Ana.
- Vocês estão na nossa casa, espero que nos respeitem – diz Ian.
- Você é o famoso príncipe que lutou bravamente pela defesa de seu filho, adorado por seu povo e temido pelos inimigos, o famoso “Filho do Diabo”, um desperdício da sua parte não usar mais desse nome, nem de sua fama – diz Axel.
- Minhas terras estavam ameaçadas, assim como meu povo, tive de encontrar uma maneira de fazer os inimigos chorarem de desespero somente ao ouvir meu nome. Desse modo, garanti que as batalhas permanecessem nas fronteiras por muitos anos – diz Ian.
- Oh, Sim! Isso eu tenho que concordar! A tortura é uma ótima forma de fazer os inimigos correrem – Axel senta e coloca os braços cruzados em cima da bancada da cozinha.
- Tive uma visão com a mãe de vocês – diz Ana, Axel e Kaira arregalam os olhos, ela de espanto e medo, ele, de ódio e rancor – Ela me disse que uma guerra está vindo, algo que não podemos controlar, Teodor... – Ana joga no balcão uma imagem que Marcel tirou da cozinha da casa de Mary, como prova, ao fundo, nota-se no canto superior da parede uma mancha escura lembrando o rosto de Teodor, como se ele tivesse se manifestado como um fantasma – está voltando, seu espírito consegue estabelecer conexões com a terra, e quando ele conseguir voltar definitivamente, vai trazer consigo uma grande batalha.
- E quem disse que isso é problema nosso! É o seu criador que está voltando – diz Kaira.
- É problema de todos. Ele ameaça destruir a humanidade – diz Ana quando é interrompida pela porta que abre brutamente com Petter amparando Marcel, ele ainda queima.
- O QUE ACONTECEU!? – pergunta Ana aflita.
- Diogo González fugiu e fez isso com o Marcel, o tirei da delegacia bem, mas voltou – diz Petter. Marcel deixa no sofá, Ian fecha as cortinas, enquanto o amigo grita de dor pelas queimaduras, sua pele se regenera novamente.
- Como isso é possível?! – pergunta Petter espantado. Ian retorna com o anel de Marcel e coloca no dedo dele. Ana abre um pouco da cortina e a mão de Marcel continua a queimar.
- Não está funcionando – fala Ana nervosa com a situação, ela pega a mão do pai e realiza um feitiço para tentar bloquear a ação de Diogo – abre a cortina novamente – ela pede.
Ian abre a cortina e Marcel permanece queimando, quando ele pensa em fechar, gradativamente, a mão de Marcel começa a se curar. Quando está totalmente recuperado, ele abre a janela e se posiciona na frente do sol, sem se ferir. A rapidez com que o amigo chega até a janela impressiona Petter.
- O que está acontecendo, por favor?! – Petter bem dizer implora para que alguém o explique racionalmente o que acabara de presenciar. Axel vai até Petter tentar hipnotizá-lo.
- Não adiante, tarde demais! – fala Marcel. Nesse momento, Samuel desse as escadas com o notebook nas mãos.
- AÍ GENTE! TEMOS PROBLEMAS! – fala Sam, passando as informações do computador para a televisão que liga automaticamente.

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