Parte X: Casa do Marcel, centro da cidade: 5 de fevereiro de 2030 - 19h45min
- Por Gabriela Carvalho
- 5 de nov. de 2016
- 4 min de leitura

- Será que Marcel demora chegar? – pergunta Ian, olhando pela janela.
- Não sei, parecia aflito no telefone, o que será.
A porta se abre, Anastácia e Ian olham, através do balcão da cozinha Marcel chegar com Clara nos braços, dormindo, suja e com hematomas pelo corpo.
- Pai o que é isso?
- Essa é a filha de uma das vítimas do assassino em série que estou investigando, Clara – ele diz a colocando no sofá.
- Tá mais o que ela faz aqui? – pergunta Ian, cobrindo a menina com uma manta, ele nota o sinal no pulso dela e mostra para Ana.
- Ela é uma bruxa? – pergunta Ana.
- A mãe dela era, ela é uma outra coisa, parece que ela absorve a energia do mundo espiritual e transfere para cá, é um ...
- Receptáculo – diz Ana, já ouvi falar, achei que estavam extintos depois da chacina no século XIX em Liverpool.
- Parece que não - ele coloca o colar de volta no pescoço de Clara - Ela estava internada no hospital psiquiátrico, tive que hipnotizar o diretor para assinar à alta. Ela presenciou o assassinato da mãe e parece que Teodor tenta possuí-la de alguma forma, ela o escuta e às vezes fala como ele. A avó dela me disse que esse pingente inibe seus poderes.
- O Ritual da Libertação- diz Ian – Há alguns anos, viemos para cá atrás do que restou do clã de Ayla ,Baltazar e Teodor, lembra-se disso Ana?
- Sim, eles tentavam unir os três clãs novamente como uma única família. Um grupo menor queira libertar Teodor e torná-lo líder. Eles pretendiam usar o poder de um receptáculo para abrir o portal.
- A avó de Clara se envolveu com um humano e foi expulsa, anos depois, Clara nasceu. Acho que algum bruxo está causando essas mortes para aumentar seus poderes, alguém está tentando libertar Teodor e Clara é a chave.
- Mamãe – sussurra Clara acordando. Anastácia vai ampará-la – onde estou?
- Sua mãe conversou conosco nos sonhos e nos pediu para cuidar de você – diz Ana, hipnotizando a garota – fique calma, nada de ruim vai lhe acontecer.
- Eu sei, mamãe falou comigo também, disse que ele cuidaria de mim – diz apontando para Marcel. Ana percebe que a hipnose não funcionou e volta seus olhos ao normal – mamãe também me disse que viria com seu príncipe – Ana sorri.
- Sua mãe estava certa, vamos cuidar de você, está com fome? – pergunta – O tio Ian vai preparar o jantar enquanto eu ajudo a senhorita a se banhar, está fedida – brinca Ana, fazendo cócegas em Clara que sorri, ela pega a menina no colo e sobe as escadas, olhando para Marcel e Ian, preocupada.

- Samuel olha pra mim enquanto falo com você? – diz Paul. Mary está escorada na porta da Cozinha com olhar fixo no filho, recriminando-o. Sam está sentado no meio do sofá, de braços cruzados em cima da almofada em seu colo, com olhares raivosos e cara fechada enquanto seu pai grita.
- Não lhe ensinei a bater em ninguém...
- Não ensinou mesmo, se tivesse ensinado não estaria com o olho roxo – responde Sam.
- Samuel não interrompa seu pai dessa maneira.
- Mãe, a única coisa que fiz foi tentar defender uma garota, ta, se não tivesse feito isso, ele teria apanhado.
- OH!MAS QUE CAVALHEIRO! E para isso precisava desferir chutes no moleque, sabia que ele quebrou uma costela. Sabe quem vai pagar pela estadia dele no hospital?
- Eu – diz Sam, debochando.
- Sim você mocinho, vai ficar sem mesada por um bom tempo – diz Paul – está na hora de aprender sobre responsabilidade, causa e conseqüência...
- Eu não sou réu em um julgamento onde você é o juiz pai! – diz Sam com a voz alterada.
- NÃO, MAS É MEU FILHO! Meu dever é ensinar você e sua irmã a serem pessoas direitas, de bem, ensinar vocês a responderem pelos seus atos – ele diz, apontando o dedo para Samuel. Ema desce as escadas ao grito.
- Mamãe, tinha alguém no meu quarto – ela diz, abraçando Mary.
- Foi só um pesadelo querida! – diz.
- Não foi não, eu ouvi um ruído e quando olhei pra janela, tinha um homem lá, de preto, como uma sombra mamãe, eu vi – insiste Ema.
- Andou contando histórias de terror para sua irmã novamente Samuel? – pergunta Paul. Sam se irrita e levanta do sofá.
- TUDO EU NESSA CASA AGORA! VÃO USAR MINHA MESADA PARA PAGAR UM PSICOLOGO PARA EMA TAMBÉM – ele grita.
- Não se exalte Samuel, apenas fiz uma pergunta, responda – diz Paul apertando o braço de Sam – você andou contando histórias de terror para sua irmã?
- Não! – responde. De repente, todos escutam passos no piso superior da casa. Mary coloca Ema atrás dela.
- Sam vai com sua irmã para a cozinha – ela diz. Samuel pega a irmã no colo e vai para perto da porta dos fundos. Paul sobe delicadamente as escadas, Mary empunha a arma e vai logo atrás, ela olha para Samuel que coloca uma das mãos na maçaneta, Ema agarra o ursinho com força.
Os barulhos de passos parecem percorrer todo o teto da sala, Mary anda em círculos apontado a arma para o nada. De repente, Paul é empurrado para a parede e cai da escada, um homem de jaleco preto desce as escadas, ele tira o capuz e Mary o reconhece das fotos do local da morte de Sarah.
- SAMUEL CORRE! – ela grita e começa a atirar no jovem, as balas parecem não penetrar seu corpo, ele anda tranquilamente pela linha do fogo e com as mãos joga Mary na porta, atravessando a cozinha. Ema grita, Sam olha para o rapaz, abre a porta e corre com a irmã nos braços.
Mary rasteja pela cozinha enquanto o rapaz parece escolher uma faca.
- O que você quer? – pergunta Mary.
- Oh!Querida Mary – ele diz pegando a faca – ou devo dizer Maria!Sabe, você e seu esposo não deveriam ter abandonado o clã – ele se aproxima de Mary, ela rasteja para alcançar a arma, sua boca sangra – quer saber o que eu quero Maria? Quero seus poderes – diz o rapaz, pegando o pulso de Mary e rasgando com a faca, fazendo o desenho da arvore brilhar.
Comments