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Parte IX: NY: 5 de fevereiro de 2030 - 10h

  • Por Gabriela Carvalho
  • 29 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

Marcel bate na porta de uma casa velha na beira da estrada, o quintal está com galhos de secos de plantas mal tratadas, na varanda está dependurado mensageiros do vento e apanhadores de sonhos, de todas as cores e símbolos. A casa é uma velha cabana feita de madeira, as tábuas estão podres e úmidas, a cor escurecida mostra partes com mofo por sua estrutura. Uma mulher velha e gorda, de cabelos despenteados e frisados claros vem atender a porta, sua aparência mostra um olhar triste e sofrido, ao mesmo tempo desconfiado.

- Pois não? – pergunta a mulher, abrindo a porta de madeira, deixando fechada a tela de proteção para moscas.

- Procuro por Elizabeth Millers, é a senhora? – pergunta Marcel mostrando o cartão de policial para a mulher.

- O que quer com ela? – pergunta a velha.

- Vim falar sobre o assassinato de sua filha, Sarah Millers e do abandono de sua neta na Clínica de Tratamento Psiquiátrico de Nova Yorque – diz Marcel deduzindo ser ela a avô de Clara.

- Não tem ninguém com esse nome vivendo aqui – diz a velha voltando para dentro da casa. Ela senta na poltrona da sala e volta a tricotar.

- Preciso conversar sobre sua neta – diz Marcel que já está dentro da casa atrás da velha, ela levanta assustada sem entender como surgiu atrás dela em questão de segundos.

- Como você ... – ela diz pensativa – vampiros não entram sem ser convidados – ela fala.

- Vejo que não está tão bem informada assim – diz Marcel sentando no sofá – Não precisamos mais ser convidados nem queimamos ao sol desde que nossos criadores foram mortos. Presumo que você seja uma bruxa para saber sobre tudo isso.

- Bruxa! Não sei do que está falando.

- Não minta Elizabeth, vi a marca no pulso de sua neta, uma árvore, sua família é descendente de Ayla – diz Marcel olhando para ela – sente-se.

- O que você quer?

- Que me conte tudo que sabe, por que sua filha foi morta e por que o assassino vigia sua neta no hospital? – pergunta. Elizabeth abaixa os olhos, Marcel continua a perguntar:

- Sua neta anda tendo visões durante os sonhos e possui comportamento e característica de quem está possuída por um espírito. Quem? Por que ela diz que eu sou o único que pode protegê-la? Sabia que ela está conversando com a mãe? Por que a abandonou?

- CHEGA! – grita Elizabeth tapando os ouvidos, ela começa a remexer nas lembranças em sua mente e seus olhos lacrimejam – há alguns anos atrás, meu clã tentou se unir com os descendentes de Teodor e Baltazar, queriam que a família se reunisse novamente. Após a união, haveria apenas um líder para seguirmos, daí a discussão começou, cada clã queria que seu mentor comandasse, porém ninguém chegava a um acordo. Dentre os descendentes de Teodor havia uma pequena parte que sonhavam em destruir o Umbrau e libertar seu ancestral, a fim de faze-lo o novo líder, quando descobrimos, todos que tinham um pouco de consciência fugiram e apagaram seus rastros, sem efetuar o feitiço de ligação.

- Você sabe onde encontro os clãs?

- Não, Sarah é filha de um humano, quando meu pai descobriu, fui expulsa. Não sei onde estão, não sei onde ninguém está.

Marcel retira o colar de Clara de dentro do bolso, Elizabeth se espanta ao vê-lo na mão de Marcel.

- Sua neta não pode portar objetos metálicos enquanto está internada. Ela me disse que isso iria protegê-la, protegê-la de quê? – ele pergunta, Elizabeth pega o colar da mão de Marcel.

- Quando foi que tiraram isso dela? – pergunta a mulher, apertando a corrente entre as mãos segurando o choro.

- Diga-me o que tem de tão especial nesse colar? – pergunta Marcel, Elizabeth entrega o colar para ele.

- Ouça. Quando Clara nasceu, eu e Sarah não nos demos conta do real significado daquele sinal na pele dela. Com o tempo, tudo ficou mais nítido, Clara via vultos, escutava vozes e algumas vezes já fomos visitadas por padres a realizar exorcismos nela. Clara é diferente.

- Como assim diferente? Simplifique mulher não tenho tempo

- Receptáculos são seres capazes de sugar a energia do mundo espiritual e transferi-la para cá. Clara é um receptáculo, quando descobri, fiz esse colar para inibir seus poderes, para protegê-las.

- Protegê-las exatamente do quê?

- Existe uma maneira de criar um portal, uma brecha entre o mundo espiritual e esse. A energia do receptáculo é usada para manter esse portal aberto tempo o suficiente para que qualquer um possa passar de um plano para outro...

- O receptáculo suga energia espiritual e transfere para a terra – cochicha Marcel – MEU DEUS! – ele se assusta com suas conclusões.

- As mortes que investiga, detetive foram causadas de uma forma não natural. Primeiro o bruxo reúne poder, depois se liga ao receptáculo para completar o portal e então o que se deseja retirar do mundo espiritual estará livre. Era assim que os clãs planejavam libertar Teodor e agora, não duvido nada que sua influência já esteja presente nessa terra.

O telefone toca. Marcel atende.

- Filha, vocês já chegaram? – pergunta Marcel.

- Já, estamos indo para sua casa – o celular fica mudo por alguns minutos.

- Pai, está tudo bem?

- Lhe conto quando encontrar vocês.

- Já estamos indo.

Marcel desliga o celular e corre para o carro com o colar de Clara nas mãos.

- Boa sorte – diz Elizabeth.

 
 
 

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