Parte V - Romênia: 11 de janeiro de 2030 - 6h
- Por Gabriela Carvalho
- 8 de out. de 2016
- 4 min de leitura

Anastácia anda por um corredor de pedras com pedestais laterais floridos, conforme anda ela observa o jardim em volta de grama verde baixa, uma mulher brinca com seu filho pequeno, a criança é novamente o menino que ela viu em Nova Iorque há quinze anos, as gargalhadas do garoto são altas, o dia está limpo. Os dois parecem ver Anastácia, a mulher dá uma rosa branca para o menino que entrega para Anastácia, ao pegar na mão do garoto, ela enxerga uma mancha esbranquiçada bem clara, ao olhar atentamente o desenho percebe se tratar de um pentagrama.
- Vem – chama o menino. O garoto puxa Anastácia até o meio do jardim, sua mão observa de longe embaixo de uma árvore. De repente, o dia claro se torna escuro, nuvens carregadas preenchem o céu com trovoadas escandalosas, o garoto abraça Anastácia, seu coração bate acelerado.
- Calma, é só um temporal – consola Anastácia. Ana observa a mãe do garoto parada embaixo da árvore, depois de alguns segundos, Ana nota que a planta é uma Dragoeira, o céu fica tão escuro que ela consegue enxergar apenas a silhueta da mulher.
- Senhora, saia daí – grita Anastácia.
Um relâmpago ilumina a árvore, Anastácia enxerga Teodor parado atrás da mulher e fica amedrontada, a cada trovoada, a luz reflete Teodor cada vez mais perto, ele põe a mão na garganta da mulher, o menino grita assustado, Anastácia cobre seu rosto no sentido de protege-lo e fecha seus olhos também para não ver a morte da mulher. O grito dela ecoa para todos os lados. Ana abre o rosto e não encontra mais ninguém embaixo da árvore, ela abaixa para enxergar o garoto, em seus braços, o menino aparece morto com o olhar assustado.
- Era para você proteger ele – grita a mulher que aparece com o pescoço ensanguentado na frente de Anastácia. Teodor surge logo atrás...

-“O frio constante causa perdas na lavoura”. – soa a voz da televisão, Anastácia acorda. As persianas sobem automaticamente iluminando todo o quarto. As janelas de vidro mostram a hora e exibem o noticiário – “A guerra no oriente continua extrema, grupos terroristas invadiram um hospital militar e mataram todos os internados e funcionários. Estima-se que 100 pessoas estavam no local, até agora não foram encontrado sobreviventes”.
- Jonhy, qual a agenda de hoje? – pergunta Anastácia, trocando de roupa.
- “Hoje teremos um grupo de estudantes do Colégio Sant Angel, de Londres, os alunos do último ano estão revisando o conteúdo de história e a diretoria marcou uma visita técnica”.
- Mais alguma excursão hoje?
- Não.
- Onde está Ian?
- Ian está no escritório.
Antes de sair do quarto, Anastácia observa a temperatura do clima no celular: -5°C, ela vai ao escritório, Ian está sentado na frente do computador, livros estão abertos na mesa, um em cima do outro. A mesa de Ian fica próxima a janela com vista para o jardim.
- Levantou cedo, o que houve? – pergunta Ana, beijando-o.
- Andei pesquisando nos livros sobre o significado de seus sonhos, estou preocupado – Anastácia senta na janela.
- Hoje tive outro sonho, com o mesmo menino. Teodor persegue ele e sua mãe – conta – dessa vez, o cadáver da mulher me disse que eu deveria proteger seu filho.
- O cadáver? – pergunta Ian.
- É, no sonho, Teodor já havia a matado quando ela se aproximou de mim. O garoto estava vivo nos meus braços num segundo, no outro já estava morto.
- Lembra quando visitamos aquele médium no Brasil em 1974? – diz Ian, Anastácia responde afirmativamente com a cabeça – Então, ele nos contou sobre os sonhos não serem apenas sonhos para seres sobrenaturais. No seu caso, Jonathan transferiu seus poderes para você no ato de sua morte, a transformando em bruxa, assim sendo, durante o sono, você percorre o mundo espiritual e conversa com os anciãos do clã que pertenceu Miranda, a mãe de vocês, normalmente você não se recorda, porém quando se trata de um aviso ou premonições, você lembra e sempre tem os mesmos sonhos até que consiga decifrar seu significado.
- Você lembra o que ele nos explicou sobre reencarnações? – pergunta Anastácia.
- Sim, mas o que isso tem a ver? – pergunta Ian.
- Ele nos contou que quando as pessoas desviam de seu destino ou são sucumbidas pelas más ações, errando muito durante a vida na terra, depois que morrem, aquelas que desejam se redimir, ganham a oportunidade de retornar a terra em uma nova vida, para corrigir seus erros do passado, mesmo que ela não se lembre de sua vida anterior. No sonho, observei a mão direita do menino, ele possuía uma marca bem discreta de um pentagrama, penso que ele seja a reencarnação de Baltazar e Teodor o persegue na tentativa de matá-lo – diz Anastácia.
- Mas Teodor está preso no Umbrau há séculos, queimamos seu corpo, não tem como ele retornar, tem?! – pergunta Ian. Anastácia fica pensativa.
- “Ana, a excursão chegou” – responde Jonhy.
- Já estou indo. Você vai ficar? – pergunta Anastácia para Ian.
- Sim. Tenho outros livros pra ler.
As portas do castelo se abrem, os alunos entram, as cortinas estão fechadas, todo o salão principal está escuro, de repente a lareira se acende sozinha, as cortinas vermelhas são abertas, um holograma de Anastácia vestida com um vestido vinho esvoaçante desce as escadas, a verdadeira Ana está logo atrás.
- Sejam bem-vindos ao castelo Dragos, esse palácio está na minha família há gerações. Meu nome é Anastácia e irei guiá-los hoje – diz Ana, seu holograma desaparece no chão e ela surge atrás com roupas atuais, deixando os alunos deslumbrados.
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